quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De tabu em tabu até à abstenção fina

Após uns dias de "intensas" conversações, eis que elas foram interrompidas - de forma oficial, claro.

De uma forma ou outra, as presidenciais tiveram enorme peso em todo este jogo. Senão vejamos:
1 - Marcelo, ao anunciar a data de apresentação da candidatura antes da realização do Conselho Nacional do PSD, mostrou a data limite para acordo sobre o orçamento;
2 - Cavaco Silva, ao comentar a decisão de negociação por parte do PSD estava a dizer duas coisas: para o governo, que este teria que se aproximar do caminho do PSD; para os portugueses (eleitores), que ele tinha sido uma peça fulcral no caminho da aprovação do orçamento;
3 - O PSD, ao querer a decisão tomada antes da apresentação da candidatura presidencial, pretendeu abrir caminho até às eleições para que Cavaco Silva fosse reeleito sem grande sobressalto;
4 - O PS, ao adiar para quarta-feira, a reunião que era suposta ter sido realizada na terça, antes da apresentação da candidatura, pretendeu forçar Cavaco Silva a misturar a figura de PR e candidato;
5 - Cavaco Silva, ao convocar, de imediato, uma reunião do Conselho de Estado para sexta-feira, pretendeu mostrar-se activo e presente e, ao mesmo tempo, mostrar que até às eleições ainda tem uma palavra a dizer.

O corolário natural de todo este processo será, na próxima quarta-feira, o PSD anunciar a abstenção salientando o papel de Cavaco Silva enquanto presidente para a sua decisão.

Apesar de existirem ainda outros pontos que fariam o tabu adensar-se até à abstenção final, esta cronologia não andará muito longe da verdade.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A sedução da globalização


A globalizacao foi  como aqueles filmes que agradam à critica e ao publico. Era tao atraente de um ponto vista economico como social. 

Do ponto de vista social, a globalizacao era o fim dos blocos na Europa que so terminaram no inicio da decada de 90 e que foram arrasados pela expansao da Uniao Europeia. A ideia de uma ideia global permitia sonhar com uma abertura das fronteiras culturais, da queda dos preconceitos e de uma proximidade com a diferença. 

 Do ponto de vista economico, a globalizacao era a porta aberta ao mercado chamado aberto, evoluído, em que prevalecem as melhores ideias, os melhores produtos e a excelência. 

Irresistivel, criada pelo Ocidente à sua propria imagem, a globalizacao parte para iluminar o mundo mais pobre e o mundo menos culto. 

Durante os ultimos 20 anos, todos jogamos este jogo. 

Viajar é cada vez mais facil e mais barato. Com a massificacao da internet a informacao viaja cada vez mais rapidamente. Os fluxos migratorios tambem se facilitaram e culturas diferentes comecaram a partilhar os mesmos espacos.

Do ponto de vista economico vimos uma autentica revolucao com a deslocalizacao da producao. O mercado tornou-se unico e ainda mais unicocficou com uma moeda unica na Europa que consome. O que é sabido é que um mercado livre torna-se num mercado livre... de concorrencia porque o mais forte ganha sempre. 

Pouco a pouco a Europa abdicou da sua mao de obra e de uma parte importante do seu mercado de trabalho para o Oriente em nome da optimizacao de custos e da eficacia, da eficacia economica; nao, da eficacia financeira. Porque nao me lembro de ter havido uma deflacao de precos como consequencia desta migracao da producao, a verdade é que o aumento da margem ficou do lado do lucro e o Ocidente continuou a pagar caro o que passou a ser produzido muito mais barato. 

Hoje a Europa e um continente de desempregados consumistas cada vez mais pobres, os Estados Unidos sao um pais que se endividou ao limite para investir no seu potencial futuro brilhante e a Asia é um continente de operarios que so tem tempo e dinheiro para continuar a trabalhar. 

A crise chegou e é longa porque o modelo encravou. Como consequencia as tensoes sociais aumentaram. E quando as tensoes sociais se dao em sociedades que nao sabem viver com a heterogeneidade etnica e cultural, as minorias acabam por ser culpadas; como tantas vezes aconteceu na historia.

A globalizacao conhece assim a sua primeira crise de charme. Veremos se continuara a ter a paixão do publico e a admiração da critica. 

SOS Laranja

Oi!

Envio-vos um artigo de opinião(curtinho) que estive a ler sobre o PSD, Passos Coelho e o beco em que anda o partido e....deixem-me generalizar...o nosso próprio país!

http://aeiou.expresso.pt/passos-num-beco=f610564

Abraços

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Mais 4 anos não, por favor!" - Carta ao Presidente do PSD

Exmo. Sr Presidente do PSD
Pedro Passos Coelho

Venho, por este meio, dirigir-me a si pedindo-lhe, humildemente, que indique à sua bancada parlamentar o caminho da abstenção na votação do orçamento de estado para 2011.

Não lhe digo que o deva fazer porque o orçamento é aceitável, e pelo prazer de pagar mais impostos - antes pelo contrário. Pagar mais impostos e ter menos dinheiro disponível nunca é bom, e pelo que o Governo já mostrou, este orçamento é de muitos apertos para nós, simples contribuintes, e alguma contenção para o Estado, se bem que esta nunca muito quantificada.

Não lhe digo que o deva fazer porque caso não o faça Portugal soçobra sob o peso das taxas de juro e outras coisas tais que as malvadas agências de rating nos controlam. Infelizmente, pelo que se nos tem sido mostrado, desse fim não conseguiremos fugir.

Também não digo por acreditar que o seu partido, ou qualquer outro diga-se, consiga ver aprovadas no actual parlamento soluções diferentes para o orçamento de estado de 2011. É mais que evidente que, sem a complacência do PS não há proposta de orçamento que seja aprovada. E para isso terá que existir a complacência pessoal do actual primeiro-ministro (mesmo que entretanto se demita).

A verdadeira razão para este pedido, é porque caso o parlamento não aprove o orçamento, e seguindo a retórica a que já nos habituou, iremos ter José Sócrates a desculpabilizar-se pelos acontecimentos que entretanto venham a acontecer e, se calhar até o veremos finalmente, a passar de um discurso optimista para um discurso em que mostre o real estado do país, se bem que culpabilizando toda a oposição, e em especial a si e ao seu partido por não ter deixado passar o orçamento.

E com toda esta retórica, por ele já bem ensaiada, e que bons resultados lhe trouxe nas últimas eleições não me admira que os portugueses, ou pelo menos a maioria, lhe volte a confiar o seu voto levando assim Portugal para mais quatro (4!) anos de governação não socialista mas socrática.

Acreditando que saberá o melhor caminho a seguir para evitar mais quatro anos, legitimados, de governo Sócrates, me despeço com cordiais saudações,
Afonso Pereira

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Falar verdade

Ouvimos ontem Cavaco Silva comentar sobre a necessidade de "falar verdade", ontem sobre o desemprego.

Este foi o slogan do PSD nas últimas legislativas, e deu no que deu. Mas agora que Cavaco vem retomar o mesmo slogan, a ligação entre ele e a franja do PSD representado por MFL volta a vir ao de cima, bem como a questão, para mim com uma resposta bastante óbvia, sobre o impacto que Cavaco teve na não eleição do PSD para o governo.

Independentemente do que atrás disse, e de quem carrega o slogan, sempre concordei e defendi a necessidade de, em política como noutros aspectos, quão mais dados reais tivermos, mais fundamentada será a nossa decisão - neste caso no partido em quem pomos a cruz. E nisso, já vimos que este PS não prima por falar verdade.