terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Geração Perdida?

Saio do meu trabalho, e finalmente arranjo tempo para ler o jornal de domingo (link). O tema em destaque é-me particularmente querido - A geração perdida. Pelo intervalo de idades, tenho a "sorte" de nela não me incluir. Verdadeiramente, estou num limbo entre a geração dos recibos verdes e a geração dos contratos a prazo ou, para gosto do ponto de vista vigente, a geração dos estágios.
Pedro Lomba fala hoje dela outra vez, num ponto de vista diferente, sem tanto enfoque na realização profissional.  A verdade é que me revejo no que se escreveu. Esta insegurança, esta precariedade, este estágio e o próximo, esta busca eterna por algo que nunca chega a ser, que no momento se esvai. Basta ver os meus amigos e quantos deles estão efectivos? Quantos deles têm emprego? Quantos deles não estão a investigar/douturar porque é a úncia saída? Quantos, destes todos, estão felizes? Já nem falo em termos monetários... para isso basta ter ouvido um director numa entrevista de emprego: "Ofereço 600€ porque a esse valor tenho gente que queira para cá vir". É a lei da oferta, mas quem procura faz mal as contas, ou melhor, não tem outras contas para fazer.
Podemos, e devemos, questionar se o que se faz é correcto. Se a informação e forma como ela nos chega é a mais correcta. Se o modelo social existente consegue suportar a nossa ideia de sociedade, de país.
Fala-se, no artigo de domingo, das bolsas, de jovens que nuca virão a ter trabalho na sua área, de quem já desistiu, de quem ainda acredita, dos contratos a prazo, da educação... Mas devia ir mais longe. Não se questiona a razão desta precariedade. Não se fala de como os estágios popularam nos últimos anos, nem obviamente das consequências a isso inerentes.
Acredito que o futuro será diferente, mas existem paradigmas que deverão mudar. Terão que cair as barreiras ao despedimento e, correspondentemente, uma alteração no apoio ao desemprego - não digo que se deva acabar com o subsidio de desemprego!
As mudanças serão sempre difíceis, mas estamos num bom timing. A economia tenderá a crescer e com isso o sector privado terá maior peso. É preciso que haja coragem para mudar paradigmas. Mas, e por muito que o PS se torne um partido de centro-direita, as suas raízes farão com que não sejam feitas as alterações necessárias. É preciso mudança - de pessoas, de partidos e de mentalidades.

1 comentário:

  1. A meu ver somos a geração "Desenrasca" a viver dia a dia, como os pescadores de Cabo Verde, mas sempre com o inconsciente focado em "o que virá a seguir".
    Aconselho a todos os que vivam na corda bamba e que se sintam um pouco a deambular pela nossa realidade que ARRISQUEM...porque o português devido á herança salazarista e não só perdeu á muito, o gosto pelo RISCO.

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