quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De tabu em tabu até à abstenção fina

Após uns dias de "intensas" conversações, eis que elas foram interrompidas - de forma oficial, claro.

De uma forma ou outra, as presidenciais tiveram enorme peso em todo este jogo. Senão vejamos:
1 - Marcelo, ao anunciar a data de apresentação da candidatura antes da realização do Conselho Nacional do PSD, mostrou a data limite para acordo sobre o orçamento;
2 - Cavaco Silva, ao comentar a decisão de negociação por parte do PSD estava a dizer duas coisas: para o governo, que este teria que se aproximar do caminho do PSD; para os portugueses (eleitores), que ele tinha sido uma peça fulcral no caminho da aprovação do orçamento;
3 - O PSD, ao querer a decisão tomada antes da apresentação da candidatura presidencial, pretendeu abrir caminho até às eleições para que Cavaco Silva fosse reeleito sem grande sobressalto;
4 - O PS, ao adiar para quarta-feira, a reunião que era suposta ter sido realizada na terça, antes da apresentação da candidatura, pretendeu forçar Cavaco Silva a misturar a figura de PR e candidato;
5 - Cavaco Silva, ao convocar, de imediato, uma reunião do Conselho de Estado para sexta-feira, pretendeu mostrar-se activo e presente e, ao mesmo tempo, mostrar que até às eleições ainda tem uma palavra a dizer.

O corolário natural de todo este processo será, na próxima quarta-feira, o PSD anunciar a abstenção salientando o papel de Cavaco Silva enquanto presidente para a sua decisão.

Apesar de existirem ainda outros pontos que fariam o tabu adensar-se até à abstenção final, esta cronologia não andará muito longe da verdade.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A sedução da globalização


A globalizacao foi  como aqueles filmes que agradam à critica e ao publico. Era tao atraente de um ponto vista economico como social. 

Do ponto de vista social, a globalizacao era o fim dos blocos na Europa que so terminaram no inicio da decada de 90 e que foram arrasados pela expansao da Uniao Europeia. A ideia de uma ideia global permitia sonhar com uma abertura das fronteiras culturais, da queda dos preconceitos e de uma proximidade com a diferença. 

 Do ponto de vista economico, a globalizacao era a porta aberta ao mercado chamado aberto, evoluído, em que prevalecem as melhores ideias, os melhores produtos e a excelência. 

Irresistivel, criada pelo Ocidente à sua propria imagem, a globalizacao parte para iluminar o mundo mais pobre e o mundo menos culto. 

Durante os ultimos 20 anos, todos jogamos este jogo. 

Viajar é cada vez mais facil e mais barato. Com a massificacao da internet a informacao viaja cada vez mais rapidamente. Os fluxos migratorios tambem se facilitaram e culturas diferentes comecaram a partilhar os mesmos espacos.

Do ponto de vista economico vimos uma autentica revolucao com a deslocalizacao da producao. O mercado tornou-se unico e ainda mais unicocficou com uma moeda unica na Europa que consome. O que é sabido é que um mercado livre torna-se num mercado livre... de concorrencia porque o mais forte ganha sempre. 

Pouco a pouco a Europa abdicou da sua mao de obra e de uma parte importante do seu mercado de trabalho para o Oriente em nome da optimizacao de custos e da eficacia, da eficacia economica; nao, da eficacia financeira. Porque nao me lembro de ter havido uma deflacao de precos como consequencia desta migracao da producao, a verdade é que o aumento da margem ficou do lado do lucro e o Ocidente continuou a pagar caro o que passou a ser produzido muito mais barato. 

Hoje a Europa e um continente de desempregados consumistas cada vez mais pobres, os Estados Unidos sao um pais que se endividou ao limite para investir no seu potencial futuro brilhante e a Asia é um continente de operarios que so tem tempo e dinheiro para continuar a trabalhar. 

A crise chegou e é longa porque o modelo encravou. Como consequencia as tensoes sociais aumentaram. E quando as tensoes sociais se dao em sociedades que nao sabem viver com a heterogeneidade etnica e cultural, as minorias acabam por ser culpadas; como tantas vezes aconteceu na historia.

A globalizacao conhece assim a sua primeira crise de charme. Veremos se continuara a ter a paixão do publico e a admiração da critica. 

SOS Laranja

Oi!

Envio-vos um artigo de opinião(curtinho) que estive a ler sobre o PSD, Passos Coelho e o beco em que anda o partido e....deixem-me generalizar...o nosso próprio país!

http://aeiou.expresso.pt/passos-num-beco=f610564

Abraços

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Mais 4 anos não, por favor!" - Carta ao Presidente do PSD

Exmo. Sr Presidente do PSD
Pedro Passos Coelho

Venho, por este meio, dirigir-me a si pedindo-lhe, humildemente, que indique à sua bancada parlamentar o caminho da abstenção na votação do orçamento de estado para 2011.

Não lhe digo que o deva fazer porque o orçamento é aceitável, e pelo prazer de pagar mais impostos - antes pelo contrário. Pagar mais impostos e ter menos dinheiro disponível nunca é bom, e pelo que o Governo já mostrou, este orçamento é de muitos apertos para nós, simples contribuintes, e alguma contenção para o Estado, se bem que esta nunca muito quantificada.

Não lhe digo que o deva fazer porque caso não o faça Portugal soçobra sob o peso das taxas de juro e outras coisas tais que as malvadas agências de rating nos controlam. Infelizmente, pelo que se nos tem sido mostrado, desse fim não conseguiremos fugir.

Também não digo por acreditar que o seu partido, ou qualquer outro diga-se, consiga ver aprovadas no actual parlamento soluções diferentes para o orçamento de estado de 2011. É mais que evidente que, sem a complacência do PS não há proposta de orçamento que seja aprovada. E para isso terá que existir a complacência pessoal do actual primeiro-ministro (mesmo que entretanto se demita).

A verdadeira razão para este pedido, é porque caso o parlamento não aprove o orçamento, e seguindo a retórica a que já nos habituou, iremos ter José Sócrates a desculpabilizar-se pelos acontecimentos que entretanto venham a acontecer e, se calhar até o veremos finalmente, a passar de um discurso optimista para um discurso em que mostre o real estado do país, se bem que culpabilizando toda a oposição, e em especial a si e ao seu partido por não ter deixado passar o orçamento.

E com toda esta retórica, por ele já bem ensaiada, e que bons resultados lhe trouxe nas últimas eleições não me admira que os portugueses, ou pelo menos a maioria, lhe volte a confiar o seu voto levando assim Portugal para mais quatro (4!) anos de governação não socialista mas socrática.

Acreditando que saberá o melhor caminho a seguir para evitar mais quatro anos, legitimados, de governo Sócrates, me despeço com cordiais saudações,
Afonso Pereira

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Falar verdade

Ouvimos ontem Cavaco Silva comentar sobre a necessidade de "falar verdade", ontem sobre o desemprego.

Este foi o slogan do PSD nas últimas legislativas, e deu no que deu. Mas agora que Cavaco vem retomar o mesmo slogan, a ligação entre ele e a franja do PSD representado por MFL volta a vir ao de cima, bem como a questão, para mim com uma resposta bastante óbvia, sobre o impacto que Cavaco teve na não eleição do PSD para o governo.

Independentemente do que atrás disse, e de quem carrega o slogan, sempre concordei e defendi a necessidade de, em política como noutros aspectos, quão mais dados reais tivermos, mais fundamentada será a nossa decisão - neste caso no partido em quem pomos a cruz. E nisso, já vimos que este PS não prima por falar verdade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Estadistas

Miguel Veiga diz hoje ao Jornal de Negócios que "Nem Sócrates nem Passos Coelho são grandes estadististas".

Se no primeiro caso nem contesto, quanto ao segundo, e pelo que até agora tem mostrado, parece que tem razão. Mas a verdade, é que estadistas, nessa verdadeira acepção, não temos tido nos últimos anos.

Pior, a falta de estadistas não se fica apenas por Portugal, mas sim por toda a Europa. Nem Sarkozy, Berlusconi ou mesmo Merkel o são, e muito menos mostram uma visão de integração europeia cada vez mais premente para o crescimento da economia europeia como um todo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De volta de férias

Depois de um longo interregno (Brasil e USA), eis-me de volta a Portugal...

Passar temporadas fora deste nosso cantinho é realmente muito importante para abrir os olhos, e para conhecer novas realidades. No Brasil, é a dicotomia rico-pobre que se evidencia, enquanto que nos Estados Unidos a inter-culturalidade é um, dos muitos, factores que se notam.

Para ajudar este sentimento de estrangeirado, as notícias em Portugal continuam a manter o nível a que já nos habituámos: Desgraças (seja por questões naturais, seja devido a incêndios ou acidentes na estrada), Futebol (que o campeonato já começou - com um Benfica muito pouco Glorioso, mas pronto) e Politiquices curriqueiras.

Diz-se que as notícias são niveladas para captar a audiência... mas, pelo menos de vez em quando, um pouco de exigência seria muito interessante.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Você, ai, saia!

 Havia um professor de fisica no técnico que falava assim aos alunos quando via ou pensava que via alguém a conversar entre as dezenas que estavam a conversar no anfiteatro.
O recurso a esta astucia era de tal forma recorrente, arbitrario, num estilo autoritario, fora do contexto e sobretudo sem qualquer consequência que se tornava simplesmente comico.


 No parlamento português ha um deputado que fala assim. Ja o fez a Guterres, entretanto foi ministro de estado, da defesa e dos mares, foi demitido do governo, perdeu umas legislativas, demitiu-se do partido, voltou ao partido como messias e agora volta a mandar toda a gente para a rua e a autoproclamar-se parte da salvação da nação.



 =)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

No pelotão da frente

 ... da desigualdade na distribuição da riqueza.

razão entre os rendimento dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres. fonte: Eurostat

do Fundão para o Mundo

 Ha um pequeno destaque sobre Portugal na secção "O pequenno Jornal da Crise" do Courrier International desta semana. Trata-se de um artigo do economista Eugénio Rosa publicado no Jornal do Fundão.

 O artigo da conta dos dados do Instituto Português de Estatistica segundo os quais 81% dos patrões portugueses não acabaram o ensino secundario (contra 79,8% em 2003) e 91% não fez estudos superiores. Por outro lado 65% dos empregados não acabaram o ensino secundario contra 71% em 2003.

 Um problema estrutural que deve ser resolvido para melhorar a gestão, a inovação, a produtividade e a competitividade, denuncia o autor.

Eugénio Rosa considera ainda que baixar os salarios teria um efeito contra-producente  na economia portuguesa, visto que ja são demasiado baixos: 1150€ em média quando a média europeia é de 2558€.

A massa salarial constitui 15% das despesas das empresas portuguesas e a sua redução teria pouco efeito sobre a competitividade e provocaria um contracção da economia devida à redução do consumo que levaria a mais falências e desemprego.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A poção magica do rejuvenescimento

Durante a noite de 3a para 4a feira, os franceses rejuvenesceram dois anos. Pela manhã, Eric Woerth, ministro do trabalho, anunciava a reforma do sistema de pensões francês. A principal medida é o aumento da idade da reforma dos 60 para os 62 anos. Ha nuances na reforma que vale a pena discutir como a introdução da noção de "penibilidade" de uma profissão para ter em conta que um professor e um trabalhador da construção civil não têm o mesmo desgaste durante a vida activa (depressa houve quem falasse de penibilidade fisica e psiquica e ai é que as coisas se complicam). Ha também a preocupação de estimular o emprego dos mais velhos para que as reformas não sejam simplesmente transferidas para o fundo de desemprego. Mas eles também sabem que se vai passar a haver mais pessoas na vida activa, têm de ser criados mais empregos pela economia... senão são os jovens que vão ter uma passagem pelo fundo de desemprego no curriculum.
Tudo isto merece discussão mas o que me chamou à atenção foi a capa do Libération com o titulo: 

Baby-boomers: Os meninos mimados da reforma
 No artigo comenta-se o facto de que 40 anos depois do Maio de 68, a reforma do sistema de pensões sera a derradeira vitoria da geração dos "baby-boomers". Esta geração nascida do baby-boom do pos-guerra, "vista como abençoada pelos deuses" sera poupada às novas medidas.

Para eles, o crescimento, o optimismo politico, a revolução de costumes e agora os velhos dias ao abrigo das necessidades da sociedade do inicio do século.

Para as gerações seguintes, o desemprego, a precaridade, a divida publica e no horizonte, uma reforma escassa.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Nova campanha do turismo de Portugal

Cavaco Silva recriou, neste fim-de-semana prolongando (de férias para muitos), a campanha do Turismo de Portugal "Vá para fora cá dentro".

Vieira da Silva aproveitou logo para, demarcando-se das afirmações de Cavaco, recriar a campanha que exista para convidar os estrangeiros a passar férias em Portugal.

No fundo, os dois dizem o mesmo - Portugal é um país em que o Turismo é fundamental para a nossa economia. Hoje o Jornal de Negócios veio-o comprovar, fez as contas e 44,7% é o impacto no défice externo se as suas campanhas publicitárias não tiverem sucesso.

Ao menos, podia-se inventar campanhas publicitárias, um pouco, mais interessantes...

domingo, 6 de junho de 2010

O que correu mal?

 E o nosso pais Convidado-Surpresa da nossa rubrica "Mas Afinal O Que E Que Correu Mal?" de hoje e:

  Senhoras e Senhores, apresento-vos: a ESLOVENIA!

 E tudo por hoje. Ate a proxima.

sábado, 5 de junho de 2010

A Consanguinidade do Cac40

 Nao e uma arvore genealogica. Nem poderia ser tal a consanguinidade que implicaria.
 A imagem liga as empresas do CAC40 que tem administradores em comum nos seus conselhos de administracao.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Cadeira Dourada


O Estado deve ou nao fazer parte da estrutura accionista da PT? 
 Depende: 

  1. NAO.  Porque o Primeiro-Ministro pressiona as decisoes estrategicas da empresa para servir os interesses eleitoralistas do seu partido. Porque Belmiro, Berardo e Amorim merecem um monopolio. Porque o Estado deve ter a menor presenca possivel numa economia de mercado moderna. 
  2. SIM. Se for para impedir que uma empresa estrangeira compre a Vivo reduzindo a PT a dimensao de uma empresa portuguesa, SIM. A economia de mercado deve funcionar mas no sentido que nos interessa.

 O Mercado e coerente com os seus proprios interesses.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Santana Lopes

Ouvi ontem Santana Lopes na TVI. Nunca lhe vai sair esse seu ar de dandy, mas é um facto que, em parte, tem a sua razão.

Quando diz que, se estivermos à espera de novas eleições, não teremos novo governo a trabalhar antes de Outubro de 2011 (daqui a um ano e meio).

Quando diz Sócrates devia sair pelo seu pé para dar lugar a outro.

Quando diz que é pena que no início de 2009 já se falasse das pressões (UE e FMI) que iriam atingir Portugal e, não só não se informaram os portugueses para, em consciência, votar, como também não se tomaram decisões atempadas.

No entanto, não tem razão quando fala de um governo de salvação nacional.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Para que lado se deve virar

Marcelo disse este domingo que Fernando Nobre "não percebe nada de Portugal", não vou discutir isso, nem interessa. O que é um facto é que acertou quando comentou o apoio do PS a Manuel Alegre - ver notícia aqui.

No entanto, será mais difícil para o PS e o BE, e mais ainda para os seus apoiantes, andarem lado a lado numa mesma campanha que para Manuel Alegre, basta-lhe ir martelando ora num lado, ora noutro...

Mais desemprego

Lá saiu mais uma notícia indicando que a taxa de desemprego voltou a subir em Abril. O que vale é que o governo continua a desvalorizar - link para a notícia do Público aqui.

O governo, seguro de si e das suas políticas, não se questiona pelo facto de ser o 4º! país com maior taxa de desemprego.

Tenta tapar a realidade, sabendo que a razão por ainda subsistir é a eleição presidencial em Janeiro do próximo ano. Não fora isso e já não tínhamos este governo a navegar sem rumo...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mais uma trapalhada

Cada vez que o governo age, as nuvens adensam-se e a confusão aumenta.

Agora saiu a tabela das novas taxas de retenção na fonte, que entram em vigor na próxima semana.
Ora, se uma pessoa recebeu o seu ordenado ontem, tem uma certa taxa, no entanto se o receber para a semana, tem outra.
Mas, apesar de entrar em vigor na segunda-feira, segundo o Diário da República, segundo Teixeira do Santos, é só para valer a partir do próximo mês..

Custava muito dizer que as novas tabelas entravam em vigor no dia 1 de Junho?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Fazei coisas belas..."

Ainda ando com a passagem Bento XVI no meu pensamento.


Ficou-me, particularmente, uma frase que o Papa proferiu no final do seu discurso ao mundo da cultura e da ciência (muito desprezada, até pelos média, este último mundo particular):

“Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza.”

É uma frase que me tem acompanhado nestes últimos dias e, por si só, carregada de uma enorme intensidade espiritual.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Resposta Alegre


 Não é por acaso que esta fotografia esta à esquerda do texto. A legenda, essa, poderia muito bem ser: Cavaco responde a Alegre e inicia o sprint eleitoral.

 Ca por fora, posso dizer que fazemos um figurão, como se vê pela coluna ao lado (direito) e por esta imagem tirada do site do diario francês Libération

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um "F"

Hoje é o principal dia de um dos f's - Fátima.
Mas mais que isso, saúdo a presença do papa Bento cá em Portugal.
Que a sua presença sirva para refundar os valores, e refundar a forma como cada um de nós se vê e se posiciona na sociedade.
Deixo uma frase que disse no encontro com o mundo da cultura e da ciência:
“Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza.”

Para mim, esta frase resume, esteticamente, o princípio da santidade - para o qual todos nos devemos esforçar. Fazer das nossas vidas sinal de Deus, e fazer dela um exemplo é um muito interessante objectivo - pelo menos para mim.

e o Fado?


Devemos andar a viver depressa demais, sem tempo para colocar as questões que interessam.
 E impressão minha ou o sistema financeiro que foi salvo pelos estados europeus ano passado acusa esses mesmos estados de serem despesistas?!
 E e ou nao verdade que as instituições financeiras que estavam falidas no ano passado conseguiram influenciar mais a governação da união europeia do que qualquer resultado de um acto eleitoral?
 E onde esta a reacção dos contribuintes que pagam tudo isto?
 Sairam a rua aos milhares para ver o Benfica campeao e o Papa em procissao.
Entao e o resto? O resto e fado! E o nosso fado... sao os 3 f's.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma década em branco

Este fim-de-semana foi quase todo ele dedicado a ler jornais. O Público fez 20 anos e, para os celebrar, publicou inúmeras notícias sobre a evolução de Portugal nestes anos de Público, a sua comparação com Espanha e n outras notícias de muito grande interesse. Ao contrário do que é meu costume não trago um link para uma notícia específica, mas para o jornal completo de sexta-feira- aconselho vivamente a sua leitura, bem como a dos jornais que se seguiram neste fim-de-semana.

Uma grande base das notícias de fundo nascem da análise aos dados extraídos da Pordata com a orientação de António Barreto, seu mentor, e director por um dia do Público a 5 de Março. Em grande parte dos indicadores, nomeadamente nos indicadores económicos, é evidente um grande crescimento na década de '90 e uma estagnação na primeira década deste século. Esta evidência deveria ser suficiente para preocupar as pessoas e, no que ao políticos diz respeito, recentrar as suas políticas uma vez que é evidente que as que têm sido postas em prática nos últimos anos não trouxeram grande mais valia.

Entre vários indicadores, gostava de realçar o que diz respeito aos gastos da segurança social, em percentagem de PIB. Estes cresceram de 7,9% em 1990 para 16,1% em 2008, enquanto o PIB cresceu 31% no mesmo período. Passando para euros, temos que enquanto que em 1990 os gastos com a segurança social eram cerca de 6,8 mil milhões de euros, passaram para cerca de 21,3 milhões de euros em 2008 (a preços de 2000). Mas, ao analisar os dados, vemos que se a primeira destas duas décadas foi a que corresponde ao crescimento real do PIB (na segunda quase que estagnou), é na segunda década que os gastos da segurança social deixaram de acompanhar a evolução do PIB, tendo havido dois anos em que este crescimento foi mais notório - em 2002 passou de 10% para 13%, e em 2008 de 13% para 16%.

É urgente repensar um modelo político e social para Portugal de modo a que a nossa economia possa crescer. Para além disso deveremos pensar o que representam os valores dos gastos da segurança social e qual o ganho real que se obteve com este aumento de despesas.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Cultura de exemplo

Hoje é dia da primeira greve da função pública do governo minoritário de José Sócrates, no entanto é já a décima desde que José Sócrates é primeiro-ministro (ver notícia no JN).
Se em alguns casos, como foram as manifestações dos professores, estas acções têm fundamento, tenho que confessar que com muita dificuldade apoiaria esta greve neste momento do país. Mas não é esse o ponto sobre o qual pretendo escrever.

A cultura de exemplo parte de todos nós. Parte das chefias, que com o exemplo motiva os seus trabalhadores na obtenção de resultados. Mas também parte de cada um na medida em que o seu trabalho é exemplo para o nosso colega. 
Percamos um pouco o nosso tempo a ler o evangelho (Mt 25, 14-30) e vejamos como cada um poderá usar os seus talentos um pouco melhor. Quem tem fé sabe que nos devemos esforçar para glorificar o Senhor através das nossas acções. É uma parte muito difícil dos nossos deveres - frequentemente, eu próprio, sinto que não consigo fazer isso. Mas se quem como eu, vê nessa glorificação um objectivo maior para aplicar os seus talentos e para encarar todas as suas acções tendo em vista esse objectivo, quem não tem fé não se deverá desobrigar de tentar ser um exemplo no seu dia-a-dia. Não o será, obviamente, com vista ao mesmo objectivo, mas para outro, provavelmente muito mais pessoal - que cada um de nós tem, independentemente da fé.

Com isto, e sabendo nós que teremos sempre os olhos de alguém a olhar para nós (e não com o objectivo de avaliar), devemos tentar evitar estar em circunstâncias dúbias. Digo isto motivado, especialmente, pelo facto do secretário-geral da UGT estar hoje, dia de greve da função pública, em Moçambique a acompanhar José Sócrates. Posso tentar, com dificuldade, encontrar uma razão para ser necessária a sua presença em Moçambique, e tem João Proença razão quando diz não ser essencial a sua presença para o desenrolar da greve (quiçá aqui estará a referir-se ao menor impacto da UGT quando comparada com a CGTP), mas nestas alturas não basta estar de greve, segundo afirmações ao jornal "I", tem também que parecer... E nisto, João Proença falha não dando o exemplo e não estando ao lado dos seus.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma candidatura Alegre

A primeira ideia que me veio à cabeça quando soube da candidatura de Fernando Nobre a Presidente da República foi: Manuel Alegre ficou preso aos partidos! ora vejamos:

  • Nas últimas presidenciais, Manuel Alegre foi o candidato despojado. Não tinha partido que o apoiasse, não tinha máquina, tinha-se candidatado um pouco contra o PS, e usava nos seus discursos esse despojamento de Homem livre como forma de capitalizar a sua candidatura;
  • Neste ano Manuel Alegre candidatou-te e o BE veio logo colar-se à sua candidatura, parte do PS olha para ele como o seu candidato natural;
  • Fernando Nobre candidata-se utilizando o discurso de uma candidatura emanada da sociedade civil, sem ligação a partidos mas percebendo a necessidade da sua existência.
Com isto, Fernando Nobre veio ocupar o espaço que, na realidade, nunca foi de Manuel Alegre, com a vantagem de chegar a uma maior variedade de eleitorado que Alegre. No entanto, o mais provável é que esta luta pelo espaço apartidário estenda uma passadeira a Cavaco Silva e cause um problema ao PS.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Por favor?

Abstrai-te da má qualidade do Jornal de 6ª, da MMG - não era ele um líder de audiências no momento em que foi fechado?
Abstrai-te da qualidade dos textos do Mário Crespo - não tinha ele um vínculo ao JN como colunista?

Não é diferente, textualmente, o chairman da PT (deduzo que te estivesses a referir ao Henrique Granadeiro) dizer que não recebeu pressões do governo, do facto de alguns administradores poderem ter sido alvo de pressões ou sugestões?

Não é verdade que José Sócrates teve a sua credibilidade diminuída quase desde o momento em que foi empossado PM?
Não é este apenas mais um caso nunca desmentido - como os outros aliás?

E nada disto são motivos para levares as coisas a sério?

Por favor...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Por favor

Se o jornal de sexta da tvi nao fosse tao mediocre, se os dois artigos do Mario Crespo nao fossem tao maus;

Se o Nuno Santos nao tivesse dito que a historia nao se passou como Mario Crespo a conta;

Se o presidente da PT nao tivesse dito que nao recebeu pressoes para comprar uma empresa;

Se em Portugal elementos secretos de uma investigacao nao acabassem divulgados no youtube;

eu ate levava a serio tudo de que se tem falado.

Esperava mais de Paulo Rangel. Inicio conservador sem qualquer originalidade. Em nome da credibilidade, arrasta Portugal na lama durante 5 pesarosos minutos: situacao economica deploravel, perda de credibilidade do governo que chegou mesmo aos orgaos de justica. A situacao e tao grave que necessita de uma ruptura equiparavel as que so o PSD soube conduzir na historia recente do pais. Pequeno resumo romanceado da historia dos governos do PSD.

Conclusao: e preciso o PSD no governo para dar esperanca ao pais e dentro do PSD so Paulo Rangel o podera fazer. Ele que nem se queria candidatar. Ele que sente o dever moral de o fazer porque o pais precisa dele...

Faca-nos entao esse favor Sr. Dr.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A nossa face

Do que li, vi e ouvi esta semana sobre os vários furos jornalísticos que apareceram comento o seguinte:
  • Não houve nenhum desmentido à notícia do caso TVI;
  • Não houve nenhum comentário útil, por parte do governo, sobre o caso TVI;
  • Não houve nenhum desmentido ao artigo de opinião/notícia do caso Mário Crespo;
  • Não houve nenhum comentário útil, por parte do governo, sobre o caso Mário Crespo.
No fundo, é apenas mais do mesmo. E continua a manter-se o que o nosso primeiro-ministro nos habituou - não dar respostas. Aliás, este hábito é tão grande que a única vez que José Sócrates se enganou e respondeu a uma pergunta, baralhou-se todo e admitiu que ele José Sócrates tinha conhecimento, se bem que ele PM não sabia de nada.

A credibilidade, pouca, que ainda tinha foi-se como que levada por uma enxurrada. É preciso que a indignação que este(s) caso criou se mostre e se propague. Já nos basta o mau estado económico do país. O que não precisamos é que o mau estar político continue.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O que vai acontecendo - Mais uma do Mário Crespo

Por costume, evito falar a quente sobre as notícias que vão aparecendo. No entanto desta vez não vou deixar passar ao lado as notícias que vi ao chegar do almoço. Não as vou comentar pois quem for brincando e passando entre os links terá a oportunidade de, a cada um, ir conhecendo um pouco mais da nossa realidade.

Comecem aqui, depois podem ir vendo isto. Em vinte minutos de saltos entre vários links, temos uma óptima história.

Edit: Curioso reparar que nem o DN nem, obviamente, o JN têm qualquer referência a esta notícia...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ainda a educação

A educação é um tema que, pela sua importância, será transversal neste blog (pelo menos, no meu ponto de vista). Noto, com especial interesse, o olhar que o João nos deu com o seu artigo. Chama-nos a atenção para o ligeiro! (SIC) atraso que temos em relação quer aos Estados Unidos, quer ao seu conhecimento real do que acontece na França.

Por estes dias, a massificação do ensino, nomeadamente do ensino superior, voltou a ser um assunto a comentar, não necessariamente com o objectivo de o alterar, mas comentar... Hoje, Miguel Gaspar fala sobre isso no seu artigo de opinião semanal e, no passado sábado foi entrevistado Alberto Amaral, presidente do A3ES - organismo responsável pela avaliação dos cursos. Em ambos se comenta o, eventual, excesso de entidades e de cursos de ensino superior. No entanto, a visão de cada um é substancialmente diferente, salientando a diminuição do nível de exigência mostrada por Alberto Amaral.

E a exigência no ensino é provavelmente um factor que será determinante para conseguir recuperar o lag que temos para países como os EUA ou França. Reparem que apesar da evolução que tivemos desde o 25 de Abril, continuamos com um atraso considerável (como disse o João, ou como disse Villaverde Cabral ao I: "Nos Estados Unidos, a taxa de escolaridade até ao 12º ano era de 100% ainda antes da Segunda Guerra Mundial; em Portugal o ensino obrigatório até aos 18 anos só acontecerá a partir de 2013").

Assim, precisamos de, não só evoluir estatisticamente no acesso à educação - e aqui a sua massificação é importante - mas temos que criar factores que nos permitam crescer a um ritmo superior e evoluir qualitativamente.

Não sei se esta problemática se resolve com nova injecção de dinheiro público. Teremos, no entanto que ver mais além, que criar novas abordagens, novas soluções e ser mais desafiantes connosco próprios.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pra nós a crise é chinesa: Perigo vs Oportunidade

Dado sequência ao que se tem falado, queria nas próximas linhas focar-me em duas temáticas que, a meu ver, estão intrinsecamente ligadas: a crise e o empreendedorismo. De crise já todos os media têm falado no último ano e meio (digo crise económica e financeira). Todos sabemos os motivos da crise e o que fazer para a superar…e isto dizem-nos os economistas, os sociólogos, que olham para um conjunto de resultados devastadores que teve uma economia baseada no capitalismo e na especulação. Provou-se (mais uma vez na história) que o capitalismo à uma série de anos anunciado pelos americanos é enganador e promotor de injustiça social.

Pessoalmente concordo com Fidel Castro: não será Obama o anjo que resolverá a problemática do capitalismo…...nem Obama nem ninguém. Apenas quando virmos nações, povos, coordenados com o objectivo comum de desenvolvimento (uns mais à frente outros mais atrás devido ao histórico de cada um) podemos sonhar com um mundo melhor. Para isso terá que mudar o paradigma de desenvolvimento social do nosso mundo: eu acredito que isso será feito (sou um optimista por natureza), acredito que o mundo tende à unidade, mas talvez nenhum daqueles os que actualmente conhecemos o verão concretamente…Crise económica, crise social, crise de valores, crise … de fé? Crise, crise, crise….

Crise em chinês escreve-se com dois caracteres: um significa perigo e o outro oportunidade. Quando vejo esta expressão olho para a ‘personagem crise’ e vejo-a num limbo. Esta personagem está parada, reflecte, olha para a esquerda, olha para a direita...de um lado vê o perigo, vê que a base que suportava a sua vida esmoreceu, entende algo terá de mudar senão caminhará para o abismo….do outro lado esta personagem olha para o futuro, olha para aquilo que quer fazer, olha para os sonhos inscritos em cada ser deste planeta….e olha para a ‘oportunidade’. Aqui entra o empreendedorismo sobre o qual eu procurei informar-me.

É empreendedor quem, por iniciativa própria, realiza acções! ou idealiza novos métodos com o objectivo! de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer actividades! de organização e administração. Esta atitude depende de vários factores. Acredito que existem pessoas mais predispostas para o empreendedorismo que outras. Aqui cito algumas conclusões a que um estudo europeu chegou sobre as nossas gentes:

Como é a dinâmica empreendedora em Portugal?
A dinâmica empreendedora em Portugal é fraca, tal como se pode comprovar pelo GEM – Global Entrepreneurship Monitor (o GEM é um projecto internacional que tem como objectivo analisar a relação entre o nível de empreendedorismo e o nível de crescimento económico em vários países e, simultaneamente, determinar as condições que fomentam e entravam as dinâmicas empreendedoras em cada país). Assim, de acordo com o estudo referido, em 2001 Portugal ocupa o 21º lugar em termos de empreendededorismo entre os 29 países em análise.

Quais as razões que explicam o baixo investimento português em educação e formação em empreendedorismo?
- Predominância de uma atitude avessa ao risco, transmitida entre gerações;
- Ausência de vocação ou experiência empreendedora dos professores;
- Sistema de ensino destituído de conteúdos e instrumentos adequados para o efeito;
- Quase inexistente ligação entre o mundo dos negócios e a escola.


Penso que estas quatro razões acima mencionadas explicam muita coisa. O empreendedorismo vai ser necessário para sairmos de uma crise económica: muitas empresas fecharam portas por isso muitas terão de abrir ‘janelas’. A nossa e as próximas gerações terão de resolver passo a passo estas 4 problemáticas…Mas, no entanto, cada um de nós pode mudar a sua atitude, pode inovar aquilo que foi o comportamento dos nossos pais e avós, aquilo que porventura está enraizado na nossa cultura: a aversão ao risco, o queremos estar sempre na zona de segurança….Penso que a maior parte de nós, pessoas formadas, temos condições para termos ideias, um plano e não ‘abortar’ aquilo que pode ser uma empresa/uma associação/... promotora de uma melhor sociedade. Também aqui abre-se um diálogo para discussão: para arriscar e criar algo é necessário também ponderação e na certeza de que nada se faz em dois tempos….criar uma ideia…sustentá-la…vivê-la….experimentá-la….vê-la crescer….olhar para trás e ver um caminho feito.

Deixo este post com a velha máxima: quem não arrisca….não petisca!!!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Bem educados!


O texto do Afonso sobre a "Geracao Perdida" anda-me na cabeca ha varios dias.
A geracao perdida no final dos anos 00 a seguir a geracao rasca dos anos 90.
O que e que esta a correr mal? Nao sao estas as geracoes mais bem preparadas que o pais ja teve? Parece que o investimento feito no ensino dos portugueses e transparente na sociedade, nas artes, na participacao na vida publica, na economia. Ha um certo desprezo pelo cada vez maior numero de portugueses que tem estudo superiores. De facto ha a sensacao de que "o curso nao serve para nada" e a impressao de que a universidade fosse um balao de ensaio de uma experiencia que nunca sera reproduzida.

Sera assim?!

Abro o site do "i" e vejo "Ensino. Portugal esta no mesmo ponto de partida de ha 50 anos". O investimento na educacao e, no entanto, inegavel:
Em cinco décadas, o número de crianças no pré-escolar cresceu 40 vezes, a taxa de escolaridade no ensino secundário escalou de 1,3% para 60% e o acesso das raparigas ao ensino subiu 15%.
No entanto nao nos aproximamos dos paises mais desenvolvidos. Mais a frente le-se:
"Nos Estados Unidos, a taxa de escolaridade até ao 12º ano era de 100% ainda antes da Segunda Guerra Mundial; em Portugal o ensino obrigatório até aos 18 anos só acontecerá a partir de 2013."
"Houve uma massificação do acesso ao ensino, mas a qualidade não acompanhou essa evolução"
"O sistema educativo antes do 25 de Abril era realmente mau, porque 99% da população estava excluída da escola"
Parece-me entao que o esforco de massificar o ensino e bem intecionado porque se vamos atingir em 2013 o nivel dos Estados Unidos em 1939... temos 74anos de atraso. O que falta e investir mais dinheiro no ensino. Muito mais!

Quanto melhor compreendo o sistema frances, melhor vejo a distancia a que Portugal esta. A universidade em que trabalho chama-se "Ecoles Nationale Superieures de Mines de Paris" e ha cerca de 150 anos que forma engenheiros civis especializados, como o nome indica, na exploracao de minas. E esta e uma das diferencas em relacao a Portugal: o sucesso nao vem por acaso e a sorte procura-se. Em Franca ha Universidades para tudo: para formar futuros professores das melhores universidades, para formar funcionarios publicos de alto nivel, para formar engenheiros que tornar-se-ao os lideres das empresas de topo. Quase todas as pessoas que ocupam os cargos mais importantes nos sectores publicos ou privados veem de uma destas escolas. Porque foram feitos para isso. Porque durante os seus estudos ja frequentavam os corredores de varios ministerios e das empresas do CAC40. E cada um destes alunos e visto como alguem com capacidades, que devem ser aproveitadas e desenvolvidas ao maximo. O acesso a estes estabelecimentos de ensino e obtido por concurso - muitas vezes um concurso especial de cada escola, independentemente dos concursos nacionais - e a sua frequencia nao so e gratuita como muitas vezes e ja remunerada e nalguns casos os alunos fazem ja parte da funcao publica e sao pagos como tal.

Outra das curiosidades em relacao a minha universidade e que, como o seu nome nao indica, muito cedo criou um Centro de Sociologia e tornou-se pioneira nesta ciencia. Porque e que uma escola de engenharia de minas se torna pioneira em sociologia?! Porque se interessa pela forma como os trabalhadores se organizam no trabalho. E e este espirito de curiosidade que nos falta. Aqui tudo e estudado. E nao falo de estudo de ponta, extremamente complicados. Muitas vezes sao bastante elementares, com conclusoes triviais mas muitas vezes tambem serviram para empregar um estagiario aluno de engenharia que pode assim ter um primeiro contacto com a realidade de uma empresa. E quando se tem os olhos abertos para estas coisas e se trabalha ha varias decadas em sectores como o automovel, aeronautico, energetico, percebe-se o conhecimento que se acumula nao so em termos tecnicos mas tambem de compreender o que e estar no topo e como la se manter.

A EDF financia varias teses de doutoramento de colegas meus. A EDP quantas financia? A TOTAL tambem. E a GALP, quanto investe em investigacao? Estas empresas que tem posicoes praticamente monopolistas dos mercados gracas ao investimento publico que permitiu a sua criacao, o que e que devolvem ao pais?

Aqui, parte dos impostos cobrados no imposto sobre os produtos petroliferos financia o Instituto Frances do Petroleo, que acumulou um conhecimento em processos petroliferos de tal forma importante que permitiu a criacao da Axens que hoje vende refinarias no mundo inteiro, concorrendo por exemplo com a americana UOP.

E esta diferenca de mentalidade que nos atrasa. Portugal foi uma potencia mundial quando soube mais cedo o que o resto do mundo descobriria decadas depois.

E desde a Revolucao Industrial que segue o caminho dos outros... com 74 anos de atraso.

Ligo a televisao na RTPinternacional: 30mins de Haiti, a opiniao de Mario Soares sobre o timming da candidatura de Manuel Alegre, a chapada do Sa Pinto ao Liedson, a tornee de Manuel Pinho nas empresas que nao fecharam e uma entrevista oca de Passos Coelho sobre as eleicoes no PSD...

pppfffffff...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Geração Perdida?

Saio do meu trabalho, e finalmente arranjo tempo para ler o jornal de domingo (link). O tema em destaque é-me particularmente querido - A geração perdida. Pelo intervalo de idades, tenho a "sorte" de nela não me incluir. Verdadeiramente, estou num limbo entre a geração dos recibos verdes e a geração dos contratos a prazo ou, para gosto do ponto de vista vigente, a geração dos estágios.
Pedro Lomba fala hoje dela outra vez, num ponto de vista diferente, sem tanto enfoque na realização profissional.  A verdade é que me revejo no que se escreveu. Esta insegurança, esta precariedade, este estágio e o próximo, esta busca eterna por algo que nunca chega a ser, que no momento se esvai. Basta ver os meus amigos e quantos deles estão efectivos? Quantos deles têm emprego? Quantos deles não estão a investigar/douturar porque é a úncia saída? Quantos, destes todos, estão felizes? Já nem falo em termos monetários... para isso basta ter ouvido um director numa entrevista de emprego: "Ofereço 600€ porque a esse valor tenho gente que queira para cá vir". É a lei da oferta, mas quem procura faz mal as contas, ou melhor, não tem outras contas para fazer.
Podemos, e devemos, questionar se o que se faz é correcto. Se a informação e forma como ela nos chega é a mais correcta. Se o modelo social existente consegue suportar a nossa ideia de sociedade, de país.
Fala-se, no artigo de domingo, das bolsas, de jovens que nuca virão a ter trabalho na sua área, de quem já desistiu, de quem ainda acredita, dos contratos a prazo, da educação... Mas devia ir mais longe. Não se questiona a razão desta precariedade. Não se fala de como os estágios popularam nos últimos anos, nem obviamente das consequências a isso inerentes.
Acredito que o futuro será diferente, mas existem paradigmas que deverão mudar. Terão que cair as barreiras ao despedimento e, correspondentemente, uma alteração no apoio ao desemprego - não digo que se deva acabar com o subsidio de desemprego!
As mudanças serão sempre difíceis, mas estamos num bom timing. A economia tenderá a crescer e com isso o sector privado terá maior peso. É preciso que haja coragem para mudar paradigmas. Mas, e por muito que o PS se torne um partido de centro-direita, as suas raízes farão com que não sejam feitas as alterações necessárias. É preciso mudança - de pessoas, de partidos e de mentalidades.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Proust

Volto ao "Expresso" e leio a entrevista com o Eduardo Lourenço, uma entrevista interessante - somos poucos e temos poucos assim.

Tem hábitos que gerações mais novas acham impensáveis: escrever à mão, não usar computador, nem googlar... Mas interrogo-me, ao ver falar sobre Goethe, Chateaubriand, Proust (entre outros), sobre estas gerações. Que identidade constroem, que saber se acumula, que outros conhecem... Duvido até que agora se recorra às enciclopédias... Qual Luso-Brasileira, qual Larousse se agora temos o Google e a Wikipédia.

Vejo o mesmo nos nossos políticos - terão lido e entendido? Ter-se-ão identificado com o pensamento de alguém? Terão construído o seu próprio pensamento fundado em algo?

Recordo-me quando inicialmente pensámos neste blog que um dos primeiros conselhos foi "lê, lê de tudo, tenta ler todos, só assim irás fundamentar as tuas opiniões e os teus textos e passar do "eu acho"". É um facto, o saber, o conhecimento, as próprias opiniões, não se formam de ver televisão, de googlar, nem mesmo de só ler outras opiniões e jornais. Tem-se que ler... Mas pouca gente lê... Por isso sim, concordo quando se diz que a nossa crise não é só económica, mas de valores - já nem os conhecemos...

Mal Haja!

Começo o ano a ler os últimos jornais de 2009 - "Público" e "Expresso", em cada um vejo uma década a passar, a folhear à minha frente. E ao mesmo tempo vejo o folhear de um ano... Que década é esta? Que ano passou? Vejo-me a mim a folhea(n)do nas páginas dos jornais. Revisito-me à medida que cada página muda... Vejo-me caloiro no Técnico (com uma questionada decisão). Vejo-me à sete anos, a conhecer a minha mulher, e vejo-nos de mão dada nas portas do Castelo. No "Expresso" leio as 1(1)0 perguntas: "Será Portugal campeão do mundo?", "Acabará a guerra no Afeganistão?" tudo balelas, tudo perguntas sem resposta, ou melhor... com resposta óbvia. Se é este o nível de questões que se nos colocam fico feliz. Escuso de me preocupar com o meu futuro. Mas olho com mais atenção... afinal temos perguntas mais acutilantes: "Cavaco voltará a ser um Presidente popular?" ou "Os banqueiros vão receber prémios?". Estou mais descansado... vejo que o ano em que entro vai ser brilhante.

Mudo de caderno, o "2º Caderno", olho para o que foram as "Melhores ideias de 2009" e vejo-me a mim... não, era bom! mas vejo a minha ideia. Vejo o que andei a pensar desde 2002... fui fazendo contas, fui evoluindo a minha ideia, mas nunca a passei a real. Mas vejo-a, agora e aqui no "Expresso". Bem haja é o nome da empresa, Mal haja quem me "roubou a ideia". Quem devo culpar? Não posso ser eu... tento a Marta pela sua busca de futuro em mim, mas não... tento o IST por me ter aprisionado tanto tempo, mas não... tento nós, portugueses, a nossa cultura, o nosso pensamento, nós... é sempre mais fácil.

E afinal não será esta minha derrota uma fotografia do que somos? Esta veia que nos une, que nos agarra ao comodismo, à segurança, esta senda do nacional-subsidianismo, esta falta de confiança para avançar. "Bem haja" a quem arrisca e "mal haja" a mim que me fiquei pela boa ideia... faltou-me concretizar.